Escrita de História Criminal: Noir " O Sussurro Escarlate"
por Rodrigo Bolarinho Clemente @bolarinhoclemente
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Introdução
Para o meu Projeto Final, procedi à Escrita de uma História Criminal, no género Noir, intitulada de "O Sussurro Escarlate"...

Suprimentos
Como Suprimentos, usei o Canva para elaborar um Plano de Enredo...
Também utilizei o Word, para escrever a História!

Informação Prévia:
...
Título: O Sussurro Escarlate
Como se sucede e elementos fundamentais?
Um assassinato brutal abala a cidade de Saint Dennis, revelando uma teia de corrupção, segredos e
traição que atrai o Chefe da Polícia, Benjamin Lambert, para as profundezas do submundo. A
investigação é uma corrida contra o tempo, onde cada pista desenterrada se entrelaça com o passado
sombrio do criminoso, Anthony Foreman. Elementos cruciais incluem o ambiente opressivo da cidade, o
desespero das personagens e a inevitabilidade de um confronto fatídico.
Quando? - A ação desenrola-se no início do século XX, em 1907. A história estende-se por
aproximadamente duas semanas intensas.
Porquê? - O motivo central é a vingança. Anthony Foreman procura retribuição por injustiças passadas
que culminaram na destruição da sua vida e na perda da sua família, alvejando aqueles que ele considera
responsáveis pela sua desgraça.
Género: Noir
Cenário: Cidade de Saint Dennis, EUA, 1907. Uma metrópole em ascensão, mas com um coração podre,
onde a neblina se agarra aos becos escuros e as sombras escondem mais do que apenas segredos. Os
arranha-céus nascem como cicatrizes numa paisagem que ainda cheira a pó e esperança perdida.
Sinopse: Nas ruas húmidas e escuras de Saint Dennis em 1907, a descoberta de um corpo mutilado no cais
abala a frágil ordem da cidade. O Chefe de Polícia Benjamin Lambert, um homem desgastado pela rotina
e pela moralidade ambígua, assume o caso. As pistas o conduzem a Anthony Foreman, um ex-operário
com um passado atormentado, que emerge das sombras como o principal suspeito. Enquanto Lambert se
aprofunda na mente retorcida de Foreman, ele desvenda uma complexa trama de vingança pessoal, ligada
a eventos passados que envolvem figuras influentes da cidade. A investigação lenta e metódica revela a
podridão por trás da fachada respeitável de Saint Dennis, forçando Lambert a confrontar seus próprios
demónios e a reconhecer que a justiça nem sempre é clara, e que a linha entre o caçador e a presa pode ser
tênue demais.
Protagonistas & Caracterização:
Criminoso: Anthony Foreman, 49 anos. Um homem de olhar vazio e cicatrizes na alma. Magro, com
ombros curvados e um cabelo ralo que esconde um brilho frio nos olhos. As suas mãos calejadas,
antes usadas para o trabalho pesado, agora parecem carregar o peso de cada vida que tirou. A sua
mente é um labirinto de memórias dolorosas e um desejo implacável por retribuição. Ele opera com
uma precisão fria, mas há uma faísca de desespero em seus métodos.
Chefe da Polícia: Benjamin Lambert, 47 anos. Um homem corpulento, com um bigode espesso e um
rosto marcado pela preocupação e pela exaustão. Os seus olhos azuis, antes cheios de idealismo,
agora refletem a dura realidade das ruas. Ele veste um terno amarrotado, um reflexo das suas longas
horas de trabalho. Embora seja um homem de lei, Lambert é assombrado por erros passados e tem
uma moralidade flexível, frequentemente questionando a própria definição de justiça.
Caracterização das restantes Personagens:
Eleanor Vance, 32 anos: Jornalista investigativa do Saint Dennis Chronicle. É uma mulher perspicaz e
determinada, com olhos verdes penetrantes e um ar de desafio. Veste-se de forma prática, mas
elegante, e não tem medo de se sujar para conseguir uma história. Psicologicamente, é implacável na
busca pela verdade, muitas vezes colocando-se em perigo. A sua profissão a coloca em contato com as
profundezas da cidade, e ela se torna uma fonte de informações e, por vezes, um obstáculo para
Lambert.
Silas Blackwood, 60 anos: Industrial e figura proeminente em Saint Dennis. Um homem imponente,
com um terno impecável e um charuto que quase nunca sai de suas mãos. O seus olhos são pequenos
e calculistas, sempre avaliando. Psicologicamente, é um manipulador mestre, acostumado a conseguir
o que quer através do poder e da influência. A sua profissão como magnata da indústria de
construção civil o coloca no centro de muitos segredos da cidade.
Isabelle Dubois, 28 anos: Cantora de jazz num clube noturno decadente de Saint Dennis. Uma mulher
de beleza marcante, com cabelos escuros ondulados e lábios vermelhos. A sua voz é melancólica e
sedutora, e os seus olhos grandes escondem uma tristeza profunda. Psicologicamente, ela é uma
sobrevivente, endurecida pelas marcas da vida, mas com um resquício de esperança. A sua profissão a
torna uma ouvinte de muitos segredos, e ela pode ser uma testemunha relutante.
Ritmo da História: Lento ⟶ Abordagem: Filme



Escrita de História Criminal: Noir
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O Sussurro Escarlate
Ato I: O Despertar da Sombra
A neblina densa de Saint Dennis em 1907 envolve os cais na madrugada. O chiar distante de um navio
no porto mistura-se ao som solitário de gotas de água caindo. Um corpo jaz grotescamente no chão de
madeira, a luz fraca de um lampião revelando as terríveis mutilações. O frio gélido do ar não é mais
intenso do que o que se instala na alma do Chefe da Polícia Benjamin Lambert, um homem cuja face exibe
o peso de anos de miséria humana. O seu charuto aceso ilumina por um instante as linhas de cansaço no
seu rosto enquanto ele examina a cena, a rotina entorpecida do seu ofício sendo subitamente quebrada
pela brutalidade incomum do crime.
A notícia do assassinato, veiculada com sensacionalismo pelo Saint Dennis Chronicle, chega aos olhos de
Eleanor Vance, a jovem e astuta jornalista. Ela fareja a história por trás da história, sentindo que há mais
do que um crime comum ali. O seus olhos verdes percorrem as manchetes, e ela decide que esta será a sua
próxima obsessão, uma chance de expor as verdadeiras entranhas de Saint Dennis.
Enquanto isso, nas profundezas sombrias de um cortiço, o vulto de Anthony Foreman emerge das
sombras. Magro e com um olhar distante, ele limpa as suas mãos calejadas, os resquícios de um trabalho
sujo ainda visíveis sob as suas unhas. O seus movimentos são lentos e metódicos, mas um tremor sutil
revela a tormenta que reside no seu interior. Flashbacks fragmentados – o som de máquinas, o grito de
uma mulher, um incêndio – assombram a sua mente, lembranças vívidas que alimentam a sua sede de
vingança. Ele observa a cidade do alto, uma figura solitária contra o horizonte cinzento, as luzes distantes
parecendo zombar de sua desgraça. A cidade, para ele, é um palco para a sua retribuição.
Lambert, na sua investigação, encontra os primeiros elos: vestígios de uma ferramenta incomum no local
do crime e um padrão de agressão que sugere uma mente perturbada. As pistas são poucas e distantes
entre si, forçando-o a mergulhar nos arquivos da cidade, procurando por casos antigos de violência
similar ou desaparecimentos. A rotina do dia a dia da polícia se arrasta, preenchida com depoimentos
insípidos e pistas falsas. O Chefe da Polícia sabe que precisa de algo mais, algo que o leve ao coração da
escuridão.
Uma denúncia anónima leva Lambert a um bar mal-iluminado, onde a voz melancólica de Isabelle
Dubois ecoa, uma canção triste que parece narrar a própria alma da cidade. Entre um whisky e outro, a
cantora fala sobre um homem estranho, com um olhar vazio, que a visitou alguns dias antes do crime,
fazendo perguntas sobre a vítima. É uma pista frágil, mas é um começo. A atmosfera pesada do lugar e a
presença da bela e misteriosa Isabelle dão um tom de melancolia ao cenário.
Paralelamente, Eleanor, com a sua incansável busca pela verdade, desenterra um escândalo antigo
envolvendo uma das empresas de Silas Blackwood, o industrial proeminente de Saint Dennis. Descobre
um acidente de trabalho abafado, que resultou em várias mortes e na destruição de famílias. O nome de
Foreman começa a surgir nas velhas reportagens, ligado à tragédia. A teia começa formar-se.
Lambert e Eleanor, embora em missões separadas, começam a sentir a sombra de uma mesma história.
Ato II: A Teia se Adensa
Com a identificação de Anthony Foreman como principal suspeito, Benjamin Lambert intensifica a
perseguição. A investigação assume um ritmo mais urgente, mas ainda lento, conforme Lambert se
aprofunda no passado de Foreman. Ele descobre a história do acidente na fábrica de Silas Blackwood, a
morte da esposa e filha de Foreman, e a subsequente indiferença da justiça. A vida do criminoso, antes de
ser destroçada, era a de um homem simples e trabalhador. Agora, é um poço de mágoa e um desejo
inabalável por vingança.
Enquanto Lambert procura Foreman pelos becos e cortiços de Saint Dennis, Anthony está um passo à
frente, executando o seu plano com uma precisão calculada e fria. As vítimas são cuidadosamente
selecionadas, todas conectadas de alguma forma ao incidente na fábrica de Blackwood – um capataz
corrupto, um advogado que manipulou o processo. Cada morte é um sussurro escarlate de dor e
retribuição, e cada uma é um enigma para Lambert. O detetive começa a ver um padrão, um método nos
crimes, que o leva a questionar a natureza da justiça.
Eleanor Vance, movida pela intuição jornalística, também se aprofunda na história de Foreman. Ela o
entrevista, encontrando-o por acaso num bar. Ela descobre um homem que, apesar de sua aparência
abatida, possui uma inteligência fria e uma retórica convincente. As conversas entre eles são tensas,
repletas de meias-verdades e perguntas sem resposta, revelando o abismo entre a justiça legal e a moral.
Eleanor vê em Foreman não apenas um assassino, mas uma vítima de um sistema corrompido, e começa a
humanizá-lo nas suas reportagens, desafiando a narrativa oficial da polícia.
Lambert, pressionado pela opinião pública e pela burocracia, começa a sentir a linha entre o certo e o
errado tornar-se mais turva. Ele confronta Silas Blackwood, que inicialmente mostra-se evasivo e
arrogante. A conversa é um duelo de vontades, onde Blackwood, usando o seu poder e influência, tenta
desviar a atenção da polícia. Lambert, no entanto, percebe a culpa velada nos olhos do industrial, a forma
como ele evita certos assuntos, e a conexão entre Blackwood e as vítimas de Foreman fica mais clara.
A investigação de Lambert o leva a um antigo esconderijo de Foreman, um lugar abandonado que
reflete a alma do criminoso. Lá, ele encontra diários e recortes de jornais, que detalham os anos de dor e o
planeamento meticuloso da sua vingança. O Chefe da Polícia percebe que Foreman não é apenas um
criminoso, mas um homem movido por um profundo senso de justiça, ainda que distorcido. A busca por
Foreman torna-se mais pessoal, pois Lambert vê-se confrontando os eus próprios questionamentos sobre
a lei e a moralidade.
Ato III: O Resgate da Alma
A perseguição a Anthony Foreman atinge o seu clímax numa noite chuvosa, com as ruas escorregadias
de Saint Dennis a refletir as luzes distantes. Lambert, munido de uma nova compreensão do motivo de
Foreman, cerca-o na antiga fábrica de Silas Blackwood, o local do trágico acidente que desencadeou tudo.
É um lugar desolado, cheio de ecos e sombras, um cenário perfeito para o confronto final.
A confronto entre Lambert e Foreman não é uma explosão de violência, mas um duelo de palavras, um
embate de filosofias sobre justiça e vingança. Foreman, cercado, não resiste fisicamente. Em vez disso, ele
profere um monólogo sobre a corrupção do poder, a falha do sistema e a necessidade de quebrar o ciclo de
impunidade. A suas palavras são carregadas de uma dor profunda, mas também de uma convicção
inabalável. Lambert, embora tenha vindo para prendê-lo, ouve cada palavra, reconhecendo a verdade por
detrás do desespero do criminoso.
O ritmo da cena é lento, com pausas para o som da chuva e o silêncio pesado entre as falas. Lambert
oferece a Foreman uma chance de se entregar, não como uma rendição, mas como um ato de redenção, de
encerrar o ciclo de violência. O detetive, ciente da complexidade moral do caso, entende que a prisão de
Foreman pode não ser o fim da história, mas o início de uma reavaliação da justiça.
Silas Blackwood, alertado pela imprensa e pelas ações da polícia, percebe que sua influência está a
diminuir. Eleanor Vance, nas suas últimas reportagens, expõe publicamente a corrupção de Blackwood e o
seu papel no acidente que causou a tragédia de Foreman. A revelação pública das falhas do sistema e da
hipocrisia dos poderosos abala a reputação de Blackwood e força a cidade a confrontar as suas próprias
sombras. A justiça, para Foreman, pode não ter vindo pelas mãos da lei, mas as suas ações
desmascararam a verdade.
No epílogo, Anthony Foreman é preso, mas a sua figura, em vez de ser a de um monstro, é a de um
homem quebrado, que, a seu modo distorcido, procurou reparar um erro. Lambert, agora com o caso
encerrado, volta à sua rotina, mas a experiência o transformou. Ele tornou-se mais introspetivo,
questionando os limites da sua própria autoridade e a natureza da lei. A cidade de Saint Dennis, embora
se esforce para esquecer, carrega as cicatrizes do "Sussurro Escarlate", um lembrete sombrio de que a
justiça, por vezes, escolhe caminhos tortuosos para se manifestar. A neblina continua a envolver as ruas,
mas agora ela parece esconder menos segredos, e sim, mais questões sem respostas.



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