Agnaldo Soares

Meu nome é Agnaldo. Sou brasileiro, nasci na cidade de Parnamirim, Rio Grande do Norte. Nordeste do Brasil. Meu pai era escafrando (mergulhador) da Marinha, durante a Segunda Guerra. Trabalhou na Aeronáutica como funcionário. Consertava rádio e telefones. Jogava xadrez e contavam que ele tinha ganho de um Campeão de algum país europeu, sem ele saber, quando estava em um submarino, com apenas três movimentos, isso o deixou bravo e nunca mais quis saber de jogar. Tocava cavaquinho, cantava com sua voz rouca, forte e bem compassada. Eu amava ouvi-lo cantar. Minha mãe, dona de casa. Trabalhadora, dona de uma voz suave quando cantava e adorava dançar. Brava, mas tem um sorriso que sempre me encantou. Mãe de dez filhos. Desde criança sempre gostei de fazer duas coisas: correr e desenhar. Nos primeiros anos de escola, minha irmã diz que minha professora mandava bilhete por ela para minha mãe dizendo que eu só ficava desenhando e não prestava atenção na aula. Ainda me pergundo, se eu não tivesse insistido. Não havia uma escola preparada para desenvolver o potencial das crianças. Era uma época bem diferente que vivemos hoje. Nada de celular, nada de internet. Minhas referências eram as pessoas, paisagens, animais, capas de discos de vinil, livros, enciclopédia (nosso Google), fotografias, revistas e gibis. Eu não tinha muitos lápis, acho que não existia lapiseiras, coleção de lápis coloridos de 6 cores. Apenas 6 cores. E aquelas cores eram tudo para mim. Pincéis? Eu pintava de guache com palitos de fósforo, as vezes, com algodão na ponta. Eu ganhava algum dinheiro pintando a língua dos Rolling Stones na perna da calça jeans dos meu amigos. Não existia uma escola de desenho. E o mais próximo era os desenhos técnicos, geométrico, do Senai.